terça-feira, 28 de maio de 2013

Letras do 1º, 2º e 3º lugar na Sapecada da Canção Nativa e Serra Catarinense



21º SAPECADA DA CANÇÃO NATIVA

1º Lugar - Menina, Escuta o Teu Cantor
Ritmo : Milonga,
Autor da Letra: : Sergio Carvalho Pereira,
Autor da Músico: : Juliano Gomes

Os versos que canto agora
Cada qual fiz para ti
No lombo do campo a fora
Gado e saudade estendi
Por longa e lenta a demora
Meu verso te trouxe aqui

Tu não sabes, mas eu te canto
Em cada volta de estrada
Por estes sem fins de campo
Em cada frescor de aguada
Te nome põe mais um tanto
De lindeza às campereadas

Geada, chuva e mormaço
Nunca me abalaram a confiança
Bagual sustento no braço
Touro pesado na trança
Mas, se me agarra o cansaço
Me amparo é nas tuas lembranças

Certa vez buscando um passo
A um passo da solidão
Achei meu gado sumido
Nas brumas que cobrem o chão
Vi teu corpo em corticeiras
Molhado de serração

De viver nestas campanhas
Pouco carinho aprendi
Te trago um corte de chita
Frutinhas de ñangapiri
Buquê de flores bagualas
E ovinhos de juriti

Trazer teus versos, não pude
Ficaram no descampado
Nalguma taipa de açude
Nalgum parador de gado
E o timbre de um cantor rude
Anda no campo extraviado

Menina, escuta a sanga
O vento pela canhada
Voz de arvoredos e pastos
O atropelar d’uma eguada
Ali terás teu cantor
Versejando a ti, amada.
(Ali cruzou teu cantor
Versejando a ti, amada)


2º Lugar - Un Acordén y Um Sobrero
Ritmo : Chamamé,
Autor da Letra: : Martin Cersar Gonçalves,
Autor da Músico: : Aluisio Rockembach

Llegó uma mañana de muy lejos
Em su acordeón tría viejas melodias
Uma voz de vino que hablaba de outro tempo
Y mil canciones tan sencillas como el dia

Anduvo por las calles de uma gran ciudad
Quizás buscando algo más que um sureño
Golpeó puertas, endureció sus alpargatas
Añorando las tardes calmas de su Pueblo

Pensó em volver
Y mirarse outra vez
Em los ojos de su gente

Pensó em volver
Y decir que aún distante
Su alma jamás estuvo ausente

Pero era tarde
Para el passado no hay rumbos
Ni caminhos

Y envejeció
Chamameceando por las calles
Su destino

Hoy em la plaza um sombrero boca arriba
Junta monedas para quien juntaba sueños
La gente passa y ni siquiera mira al hombre

Que acordeonando llena el aire de recuerdos


3º Lugar - Quando meu Canto Passar
Ritmo : Milonga,
Autor da Letra: : Rafael Ferreira,
Autor da Música : Vitor Amorim

Medi...
Medi forças no cantar por pelincho me desdobro
Sem menos ruflar as penas das penas que assim me cobram
Cantei...
Mas cantei de peito aberto acalantos de índio vago
Enquanto na minha volta a noite bebia um trago...

Cantei...
Cantei os sonhos do ontem frente ao tempo – acordado –
Pois se enxerga tanta coisa mesmo de olhos fechados
No escuro...
No escuro a baixo as pestanas palpitam cores – macias –
Onde as imagens que vemos vêm traduzir as poesias

Embriagada era a noite ao se encontrar no meu canto
Viu seu mundo igual ao meu lhe achando escuro – garanto –
Na verdade só os olhos guardaram o negror noiteiro
Por contemplar a clareza de um canto – peito viageiro –

Cantei...
Cantei essências de vida num vasto plano de mundo
Vivendo aquilo que vinha ecoado a cada segundo
Me vi...
Pois me vi de alma gaudéria trocando passos pra frente
Buscando tudo no nada de olhos fechados somente

Medi...
Medi forças no cantar por pelincho me desdobro
Sem menos cobrar o preço do preço que assim me cobro
Pois não esperem de mim o que não posso lhes dar
Apenas fechem os olhos quando meu canto passar

Quando meu canto passar
Apenas fechem os olhos
(para que possam enxergar)....

13º SAPECADA DA SERRA CATARINENSE

1º Lugar - Quando meu Canto Passar

2º Lugar - Águas
Ritmo : Milonga,
Autor da Letra: : Felipe Silveira,
Autor da Músico: : Arthur Boscato,

A chuva, por necessário
Derrama mais do que vida,
Vem pra terra ser bebida,
Verdejando; Fecundado;
Trazendo o viço pro campo
Neste ciclo harmonioso,
Que engorda silencioso,
A melodia do seu canto.

E se junta ao mesmo canto,
O rio que segue seu rumo...
Das margens, sugando o sumo,
Buscando algum sabimento.
A correnteza é um alento
Que leva as mágoas sentidas,
Encontros e despedidas,
Que só se curam com tempo.

Somos nós na forma de rio,
E quem não riu, fala que riu,
Pra não ver a “tempestade”.
Guarda em si as suas tristezas,
Pela mesma correnteza
Que nos banha de verdades

E nos banha pelo rosto
Uma lágrima que cai...
Sem saber pra onde vai
Por ter ganas de ser rio,
Quem sabe esteja no cio
Se fecunde e vire açude,
Ou quem sabe a vida mude,
E traz de volta quem partiu.

Onde se escondem segredos
É um açude de águas turvas,
O mesmo bebedor das chuvas
Que trouxe o viço pro campo,
Onde a vida se fez canto
Em lagoa de águas claras,
Melodias pras guitarras
Que duetam num só pranto.

É a vida que se escorre
Mas depois que a gente morre,
Conversamos só por prece.
A vida é aqui, agora,
E no peito de quem chora
Sempre há ‘chuva’ que regresse.


3º Lugar - Recado
Ritmo : Milonga,
Autor da Letra: : Aldo Ramos Martins Neto,
Autor da Músico: : Ricardo Oliveira,

Ao por do sol mateio e reflito os pealos da vida e suas rodilhas.
Se vai o sol e mergulha solito. Pra nascer a Dalva com as Três Marias.
A lua cheia vai ganhando espaço... O jujo do mate m tira o amargo...
A noite calma leva o mormaço que trouxe o sol a pino cravado.

Madrugada, o mate lavado! O mesmo olhar mirando as brasas!
Tudo em silêncio se quer um recado. Apago o fogo, me recolho a casa.

No catre mirando a janela vi no céu uma estrela cadente 
Fiz um pedido e confessei a ela – Sei que esse amor é brasa ardente
Quantos pealos já saí de liso! Quantos pealos me vi de bolcada!
Por isso os olhos de orvalho embebidos, por isso leve um recado a Amada!

Com teu sorriso sou ponta de tropa,
Ipê florindo pela primavera,
Sou o mimoso brotando viçoso,
Pingo faceiro em festa campeira.

Sem teu sorriso viro boi matreiro,
Folha seca tombada ao chão,
O pasto seco queimado no inverno,
Lombo pisado... volto a redomão.


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