Chegou num tranco macio
De um rosilho requeimado
Um jeitão de touro alçado
Campeando cheiro de cio.
Pele curtida de frio,
Do sol, da fumaça e vento
Tendo pra seu sustento
a doma por profissão,
e um olhar de gavião
de ler ate pensamento.
Eu recém florescendo
Pra nostalgia do mundo,
Mas aquele profundo
Aos poucos foi me envolvendo
E de amor fui me perdendo,
Me perdendo e me perdi...
Mais nunca me arrependi
Pois me entreguei por amor,
E a final o domador
Foi ficando por ali.
E o nosso amor criou cerno,
Criou raiz, floresceu
e assim tanto quanto eu
enquanto dure é eterno.
Mas quando finda o inverno
E rebrota a primavera,
a potrada esta na espera
em tudo quanto é fazenda,
e nos ranchos ficam as prendas
pra não virarem tapera.
Mais uma vez fico só
Bombeando a janela,
O rangido da cancela.
Na estrada, só o silêncio e o pó.
Na minha garganta um nó
Que segura o meu grito,
Olhar preso no infinito
E uma conclusão de vida:
Se não fosse a partida
Era tudo mais bonito.
No entanto ficam lembranças
habitando o pensamento,
de bons e lindos momentos
de amor, sonho, esperança...
E de um coração que não se cansa
de amar e esperar.
Nunca o pedi pra ficar
Porque sei que o domador
Tem um sonho caminhador,
Que nunca há de domar.
E não é justo que alguém
Mude sua sina de andejo,
Embora que o meu desejo
Fosse segura-lo bem.
Pois cada dia que vem
bombeio para o caminho,
da janela do meu ninho
pra vê se enxergo um rosilho
trazendo sobre o lombilho,
o dono dos meus carinhos.
E quase me escapa um pranto
Ao ver a estrada vazia...
Caramba eu não sabia
Que a saudade doía tanto.
E o que mais me causa espanto
ao cair na realidade,
pois, ora! Sentir saudade
do calor de uma carcaça,
que a frio, a sol e a fumaça
se fez homem de verdade.
Talvez “tai” a resposta,
“tai” a explicação:
Amor, verdade, razão
É disso que uma mulher gosta,
Não promessas nem propostas
Nos poluindo a consciência
é preferível a ausência,
do que a presença só de um nome
e homem pra ser bem homem,
tem que honrar a querência.
E tudo isso que falo,
é em nome do coração
Pois me cobri de paixão
Quando lhe vi de acavalo.
Mãos fortes, grossas de calo,
Perfeita pra um afago.
Um semblante de índio vago
E um coração “mui” roceiro,
que anoiteceu no potreiro
e amanhece em outro pago.
E assim bombeando a porteira,
vou cultivando a saudade
Pois quem ama de verdade
Espera uma vida inteira.
Essa é a paixão verdadeira,
Ser fiel durante a ausência
Quem não tem essa consciência
Não tem fibra de mulher,
porque quem sabe o que quer
tem coragem e persistência.
Mas quando chegar o outono,
e as domas se apoucarem
e os domadores voltarem
cada vez mais entono,
há de vir também o dono
daquele sorriso largo!
Vou lhe esperar com o amargo
e uma comida caseira,
fogo grande na lareira
e um catre para o afago.
Então passarei o inverno
Sorvendo o seu sorriso...
É como entrar no paraíso
Depois de cruzar o inferno.
Então há de ser eterno
Enquanto dure esse amor.
As garras do domador
Dependuradas num gancho,
e pastando envolta do rancho
um rosilho tranqueador.
Olá, Ana!!
ResponderExcluirUsei essa imagem em uma postagem de meu blog e vim buscar o seu autor, não encontrei para colocar os créditos mas cheguei até essa linda poesia. Q coisa!!! A poesia que escrevi tb é sobre espera e por isso a imageme coube tão bem.
Adorei esse seu espaço, ainda vou olhá-lo melhor.
Gostaria de receber tua visita em meu espaço tb.
Um grande abraço. Fica com Deus.
Gracias que bom que gostou, também não consegui achar o autor desta dela imagem porque peguei no google mesmo. Com certeza vou olhar o seu ;) ... Grande Abraço
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